Você para diante do computador para escrever
um belo poema sobre o amor,
porém logo começam a surgir notificações de todos
os lugares para sugar a sua parca atenção.
fotos e vídeos de cães fofos, a última viagem de sua
colega, o que o ultimo réu da lava-jato
falou em sua delação.
Para escrever uma crônica você deve-se blindar, subir
num monte isolado com um caderno e caneta,
alugar uma casa na colina munido somente com
uma máquina de escrever.
Contudo se não for as interrupções do mundo virtual
ainda há as interrupções físicas,
seja da campainha da porta, ou da ligação de sua
mãe, ou seu cão, ávido por atenção.
Inúmeros são os empecilhos para você seguir em
frente e concluir o seu pensamento fugidio,
sua brilhante ideia que você teve no engarrafamento.
Vida moderna é igual ausência de pensamentos,
é responsiva, você atende aos infinitos chamados
virtuais, aos estímulos visuais,auditivos e sonoros.
Pensar torna-se doloroso, é resistir a ânsia de
clicar naquele link inexpressivo, o isolar-se num
universo hiper conectado, tornar-se uma ilha momentânea,
um fugitivo da manada.
Talvez sua ideia não seja a mais original, a mais
instigante, mas é única, e inigualável por ser fruto do
seu pensar.
O mundo parece que cansou dos pensadores, querem repetidores em
massa, hordas de zumbis replicantes de
ideais :mais fácil saber do que você gosta quando
você pertence a um grupo, a uma tribo gigantesca
de comportamento previsível.
Soltar o verbo de forma dissonante, no meio da
multidão que segue em linha reta, explorar o avesso, o original,
idealizar o que você não conseguiria sem a
reflexão continua.
O mundo, necessita de pessoas assim, cabe
a você tentar esta escolha, dolorida porém, a longo
prazo frutífera.